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O que é um Telescópios, revista "Superinteressante"

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Flavio Fernandes

Flavio Fernandes
Admin

Derivado do grego tele (longe) e skopein (examinar), a palavra “telescópio” continua, de facto, a designar qualquer coisa que actua ao longe, nomeadamente (no domínio da astronomia) “examinar” objetos que se encontram muito distantes. Instrumento utilizado pela primeira vez por Galileu – segundo se crê – na observação do céu, o telescópios evoluiu, mercê do aperfeiçoamento da qualidade das lentes e, posteriormente, dos espelhos, bem como dos seus tamanhos sempre crescentes, para instrumentos altamente sofisticados, muitos dos quais são, actualmente, de dimensões colossais e, alguns deles, operados a grandes distâncias, incluindo no espaço exterior à Terra.

Em todos os casos, um telescópio possui uma lente ou um espelho que constituem o elemento que capta a luz emitida ou reflectida pelo objecto que se pretende observar. No primeiro caso (idêntico ao que Galileu produziu), a lente provoca desvios (refracção) na luz que lhe chega, razão por que tais telescópios são designados por “refractores”. Os telescópios reflectores (desenvolvidos por Newton) têm como objectiva (o elemento que capta a luz) um espelho, inicialmente produzido por bronze polido, depois por vidro, cuja qualidade foi sendo melhorada e, actualmente, por centenas de espelhos relativamente pequenos com os quais se obtêm conjuntos equivalentes a espelhos de dezenas de metros de diâmetro.

Em posição geralmente oposta à objectiva, situa-se a ocular (o local onde o observador coloca o olho), colocada no que costuma designar-se “porta-oculares”, mas que também serve para colocar uma câmara fotográfica normal ou electrónica e ainda outro tipo de instrumentos dos actualmente utilizados, nomeadamente os “espectroscópios”, com os quais se torna possível “examinar” a constituição dos solos ou das atmosferas dos planetas, a composição química das estrelas ou mesmo detectar estrelas ou planetas em volta de outras estrelas.

A generalidade dos telescópios inverte as imagens, detalhe que se pode alterar introduzindo mais uma lente no percurso da luz dentro do telescópio, obtendo-se assim os “telescópios terrestres”, instrumentos que servem para contemplar objectos em terra, na sua posição normal e, simultaneamente, observar corpos celestes. Quanto a estes, é, quase sempre, indiferente que sejam vistos “invertidos” ou “direitos”, dada a impossibilidade de o observador o ver à vista desarmada e, com isso, notar a diferença. Exceptua-se o caso da Lua, que facilmente se vê invertida no telescópio relativamente ao que os olhos ­vêem directamente.

Das diversas características de um telescópio, o que mais motiva os iniciados é: “quantas vezes é que ele amplia”? Na verdade, a “ampliação” (o termo técnico é “amplificação”) é o FACTOR que sugere quantas vezes se vê aumentado o objecto, tal como o que se faz com uma imagem “ampliada” numa fotocopiadora ou outro método semelhante. Geralmente, os telescópios têm possibilidade de variar a sua ampliação, através da simples operação de mudar a ocular. Com isso, é possível ver, por exemplo, duas ou três crateras da Lua ou um enxame de estrelas inicialmente muito “próximas” umas das outras e, à medida que se vai trocando a ocular por outra que permita maior ampliação, as crateras e as estrelas afastam-se umas das outras, como se estivéssemos a aproximar-nos delas. Assim, ampliar é como que “ver mais perto”, o que é o mesmo que “ver maior”.

Naturalmente, ampliar mais e mais tem os seus limites, nomeadamente o facto de a objectiva do telescópio não poder captar mais luz do que o seu diâmetro permite e, por isso, a partir de certo “tamanho” da imagem ela perder qualidade. No caso do enxame estelar, uma ampliação progressiva faz que a maior parte das estrelas “saia” do campo do telescópio, deixando de ser vistas pelo observador.

Um telescópio é, simultaneamente, um instrumento que exercita a prática e o raciocínio sobre temas mecânicos e matemáticos e proporciona visões de objectos (em terra ou no céu) completamente vedadas aos olhos humanos.



O céu de Maio

Com as estrelas de Orionte já muito perto do horizonte, a Oeste, ao princípio das noites, é agora cada vez mais curto o período de visibilidade da região do céu onde se encontra mais de metade das 20 estrelas de maior brilho que se avistam a partir de qualquer ponto da Terra. Com efeito, Aldebarã (Touro), Capela (Cocheiro), Betelgeuse, Belatrix e Rígel (Orionte), são as primeiras a mergulhar no horizonte, logo seguidas – cerca de uma hora depois – de Sírio e Adhara (Cão Maior), Castor e Pólux (Gémeos) e Prócion (Cão Menor). Régulo – junto da qual se encontrará a Lua quando atingir (este mês) a fase de Quarto Crescente – esconder-se-á perto da meia-noite.

Este céu, observável a partir de Portugal (no início das noites) em qualquer mês de Maio das nossas vidas, apresenta o Leão na sua posição mais elevada, ao passo que – junto ao horizonte, a Este, a Balança como que anuncia o aparecimento do Escorpião, a constelação mais evidente no céu das noites de Verão. Entre a Balança e o Leão fica a Virgem, cuja estrela mais brilhante (Espiga) vai receber – nos próximos meses – a “visita” de Saturno, planeta que agora se encontra francamente à sua direita e muito pouco à esquerda de Porrima (em honra ao deus da profecia), a segunda estrela mais brilhante da Virgem. Estes dois astros – Saturno e Porrima – podem, durante este mês, constituir um bom “alvo” para observadores munidos de binóculos poderem contemplar a “dança” do planeta em frente da estrela. Na verdade, ambos são bem visíveis à vista desarmada, mas um binóculo ajuda a “separá-los” e a evitar que a luminosidade de Saturno ofusque Porrima. Com efeito, o planeta dos anéis está agora a retrogradar, ou seja, a efectuar um movimento aparente de Este para Oeste (ao contrário do habitual), em consequência de a Terra – o nosso local de observação – estar a ultrapassá-lo. Até meados de Junho, Saturno aproximar-se-á de Porrima (movimento retrógrado), para depois retomar o sentido normal (directo) do seu deslocamento na esfera celeste.

No lado norte da esfera celeste, pode ver-se agora a Ursa Maior na sua culminação superior, ou seja, na maior altura que pode atingir no céu (para a nossa latitude), com o alinhamento das “guardas” (as duas estrelas do lado oposto à “cauda”) praticamente perpendicular ao horizonte e – como sempre – a indicar a direcção da Estrela Polar. Esta – por se encontrar muito perto do ponto da esfera celeste (pólo celeste) situado em frente do pólo norte da Terra, parece fixa, girando todas as outras à sua volta. Por isso, a Cassiopeia – que, ao princípio da noite, se encontra muito perto do horizonte – vai elevar-se no quadrante de Nordeste, enquanto a Ursa Maior descerá para Noroeste, no mesmo quadrante em que mergulhará o Cocheiro e a sua brilhante Capela. Simultaneamente, Vega surge a Nordeste, como que a anunciar o aparecimento do “triângulo de Verão”.

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